O Japão e a Música

A música japonesa soa como um complemento aos animês e a imagem se torna muito importante em todo o conjunto da obra

Também publicada na Otaku Magazine,  projeto acadêmico

Nos últimos anos, a cultura pop japonesa tem se mostrado cada vez mais forte no Brasil, capturando cada vez mais fãs. Quem acha que as expressões artísticas fortes do Japão são apenas o mangá ou o anime, engana-se completamente. A hipnose não ocorre só com eles, mas também com a música.

A música japonesa influencia cada vez mais os jovens tanto pela sonoridade como pelos looks extravagantes, além de lançar novos talentos para diferentes estilos. Conheça um pouco mais sobre as vertentes da J-Music (Japanese Music, ou Música Japonesa): J-Pop, J-Rock, Enka, Visual Kei.

J-Pop

O termo JPop – Pop Japonês – nasceu nos anos 90 – quando a internet crescia cada vez mais – e nada mais é do que um termo geral para música pop no Japão. Destinado ao público jovem, o estilo esteve sempre atento ao cenário musical no mundo inteiro, além de beber da mesma fonte de Elvis Presley e dos Beatles, com elementos do rock and roll dos anos 60 e também com o uso de instrumentos tradicionais como bateria e guitarra.

Sempre na busca pela originalidade, o J-Pop preza pelo novo trazendo o antigo. Esse contraste é uma marca registrada do estilo e consiste na releitura de instrumentos clássicos onde nasce uma roupagem completamente atual e despojada. O Taiko, tambor japonês feito de pele de vaca estendida num barril ou qualquer corpo de madeira, também é muito usado nas músicas de cantores e bandas de J-Pop, assim como o xilofone.

A cada dia que passa, grandes talentos são descobertos no J-Pop e não é necessário muito tempo para que os jovens cantores encontrem seu espaço no mercado fonográfico.

Grandes nomes do J-Pop

Pink Lady é uma dupla pop japonesa do final dos anos 1970 e começo de 1980. Formada por Mitsuyo “Mie” Nemoto e Keiko “Kei” Masuda, a dupla é uma dos dois únicos artistas japoneses que chegaram ao Top 40 da Billboard. Ano passado lançaram um disco duplo de músicas, seus sucessos regravados e um show ao vivo. Love Showdown e Kiss in the Dark são dois grandes sucessos da dupla.

Considerada a imperatriz do J-Pop, a cantora, compositora e atriz nascida em Fukuoka, Ayumi Hamasaki, de 34 anos, é a voz feminina mais aclamada do Japão. Em 1998, lançou seu primeiro single, Poker Face, e vendeu mais de 50 milhões só no país natal. Recentemente, foi convidada pra gravar a música tema do anime Dragon Ball: O Filme, de Akira Toriyama. Além de se declarar muito fã da série, não pestanejou em aceitar o convite. Jefferson Araújo, 22 anos, estudante de Sistemas de Informação, é fã de Ayumi desde 2004 e quando soube da notícia ficou muito feliz. “Quando eu soube que Ayu tinha aceitado o convite para gravar a trilha do filme, eu fiquei muito satisfeito e orgulhoso. Primeiro por saber que ela ter aceitado o convite, segundo por ser fã de Dragon Ball”. Ayu, carinhosamente chamada por seus fãs, também é a nova garota propaganda das câmeras digitais Lumix da Panasonic.

Utada Hikaru, 29 anos, americana naturalizada japonesa, tem o álbum de estréia mais vendido da história do Japão. Lançado em 2001, First Love quebrou recordes de venda não só no Japão, mas em toda a Ásia e além de atingir em peso os Estados Unidos. Hikaru mescla diferentes gêneros em sua música como o Hip Hop, R&B e Dance. First Love e Automatic são alguns dos muitos hits de Hikaru.

Enka

Quem curte o pop japonês, com certeza deve conhecer o Enka. O estilo, surgido na era Meiji, mistura sons orientais com ocidentais. Considerado o auge da música japonesa contemporânea, as letras do Enka geralmente transmitem tristeza e tem como assuntos desilusões amorosas, saudades, choro e etc. Forma de música de protesto ou de cunho político, é toda a tristeza que não é possível falar, sendo a única maneira de externá-la através da canção. Os cantores deste estilo não passam o sentimento apenas pelas letras, mas principalmente através da melodia e da forma como interpretam a canção. Assim como J-Pop, os tambores de taikos também são muito utilizados neste estilo, além do koto, que se trata de um instrumento de cordas dedilhadas com o som semelhante ao da cítara.

Foi nos anos 50 que o Enka teve seu auge, com o cantor Hachiro Kasuga. Um grande nome da música Enka é Itsuki Hiroshi. Nascido em Fukuoka-ken em 1948, é cantor, compositor, ator e empresário. Surgido no cenário musical em 1965, fez parcerias com grandes nomes da música japonesa como Suguimoto Masato e Nakamura Mitsuko. Já regravou a música Amigo de Roberto Carlos em português e também em japonês em sua vinda ao Brasil nos anos 70. E hoje, com 45 anos de carreira, já lançou novos cantores como Matsubara Takeshie e Maeda Yuki.

Em 2008, Jero, o único cantor afro-americano naturalizado japonês, se revelou como uma grande voz na música Enka. Influenciado pela avó japonesa, ele começou a cantar aos 6 anos de idade. Além da voz, sua vestimenta também chama a atenção: roupas de hip-hop. Mais uma vez, a fusão do oriental com o ocidental se mostra forte. “Prefiro o Enka tradicional. Aprecio o fato de novos cantores Enka estarem surgindo no mercado, mas eles são ‘ocidentalizados’ demais, pra não dizer fabricados. Respeito, mas fico com os mais antigos”, disse André Witt, 22 anos, grande admirador da música Enka. O Enka influencia não só o J-Pop e também outros estilos como o J-Rock.

J-Rock

O J-Rock é um termo musical que engloba vários estilos e formas populares de música no Japão nos dias de hoje. É um dos estilos que pegou elementos do Enka e incorporou-os dando a ele uma nova roupagem para sua música.

Foi nele que nasceu o Visual Kei, onde se dá a mistura desses estilos nos quais as bandas se vestem extravagante e elaboradamente. As performances têm um conceito: tem por objetivo mudar a visão da sociedade. Bandas famosas como Versailles, DeathGaze e Onmyouza são alguns dos grandes nomes do estilo.

Visual Kei

Visual Kei surgiu no Japão na década de 1980 e trata-se da mistura de diferentes estilos musicais como o Rock e o Metal. Possui letras negras e depressivas. Uma característica do movimento é o uso constante de instrumentos clássicos como, por exemplo, piano e violino. O Visual Kei por vezes é extravagante, por vezes suave, mas na maioria das vezes são intensos e bem trabalhados. O auge do estilo foi na década de 1990. Sempre muito dinâmico, foi ganhando cada vez mais fãs com o passar do tempo. Die in Cries, Shazna e Baiser são algumas bandas do movimento. Ocidentais ainda confundem Visual Kei com bandas góticas por causa da vestimenta e da maquiagem. O fato é que os japoneses góticos não consideram o Visual Kei como gótico.

Shazna

Importante ressaltar que algumas pessoas confundem J-Music com músicas de/para anime. A maioria das músicas não tem nenhum elo com animes, não impedindo que uma determinada música seja tema ou não de um anime.

A fusão do ocidente com o oriente na música se mostra cada vez mais forte, visto que orientais não são mais tão conservadores em relação a se aventurarem em novos estilos. Seja Pop, Rock ou até R&B, a música japonesa mantém um público fiel tanto aqui como lá.

Então já sabe: vá a um youtube mais próximo de você e ouça o melhor que a música pop japonesa tem a oferecer.

J-Music e a vestimenta

Para o J-Pop, não só o fato de compor as próprias canções ou a música de um modo geral é importante. A vestimenta merece um destaque especial. Sempre. Os figurinos são (e precisam ser) sempre bem produzidos, com criatividade. É onde mora a personalidade e o estilo único. No estilo Enka, as músicas eram performadas com um kimono tanto para os cantores como para as cantoras. Atualmente, a vestimenta não é tão tradicional, mas ainda existem os mais conservadores que se mantém com o kimono. Os looks e o make-up do Visual Kei são chamativos, assim como suas performances dramáticas/teatrais através de mensagens subliminares ou simbolismo para expressar alguma coisa são tão importantes quanto as próprias composições. O J-Rock, como o Visual Kei, preza por penteados e maquiagens bem trabalhadas.

Na J-Music, assim como na música ocidental a que todos nós estamos acostumados, música anda sempre ao lado da imagem e vice-e-versa. O mercado fonográfico simplesmente pede este requisito, pois na maioria das vezes o público infanto juvenil se influencia muito na vestimenta do artista que admira. Não basta apenas cantar bem ou ter músicas interessantes: tem que dar aquela trabalhada na imagem.

One Reply to “O Japão e a Música”

  1. Cara, vc simplesmente se esqueceu de mencionar a MAIOR, mais influente e mais famosa banda de j-rock e visual kei! X JAPAN!

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