Mostra de cinema no IMS-RJ apresenta os documentários Hercules 56 e Brasil: um relato de tortura, filme de 1971 que terá primeira exibição em um cinema brasileiro

De 20 a 22 de novembro, o cinema do IMS-RJ apresenta a mostra Brasil anos 70, com os filmes Hercules 56, de Silvio Da-Rin (Brasil, 2006. 93’), e Brasil: um relato de tortura, dos americanos Haskell Wexler e Saul Landau (EUA, 1971. 60’). No dia 21 (quarta-feira), o IMS organiza um debate em torno do filme de Wexler e Landau realizado imediatamente após a chegada de 70 presos políticos brasileiros ao Chile em janeiro de 1971, soltos em troca da liberação do embaixador suíço Giovanni Enrico Bucher, sequestrado durante a ditadura militar brasileira. O documentário, até então nunca exibido num cinema brasileiro (foi exibido em 2012 pela primeira vez pelo Canal Brasil), serviu como base de pesquisa para o repórter Plínio Fraga, que enviado a Brasília pela ZUM, revista de fotografia do IMS, destrinchou o arquivo fotográfico do Serviço Nacional de Informações (SNI) – órgão de segurança da ditadura – e descobriu que das 15 mil fotos recém-liberadas para consulta pela nova Lei de Acesso à Informação (em vigor desde julho deste ano), pelo menos três provam que crianças foram fichadas como subversivas e terroristas pela ditadura e enviadas ao exílio. A matéria do jornalista Plínio Fraga, Infância Banida, está sendo publicada no número 3 da revista ZUM.

O debate do dia 21, às 20h, que marca o lançamento da ZUM #3 no Rio de Janeiro, terá a presença do repórter Plínio Fraga e de Elinor Brito (ex-presidente da FUEC: Frente Unida dos Estudantes do Calabouço), Jean-Marc Van der Weid (ex-presidente da UNE, exilado no Chile e um dos entrevistados em Brasil: um relato de tortura), Jom Tob Azulay (cineasta e diplomata que ajudou a difundir Brasil: um relato de tortura nos Estados Unidos e no Brasil). A conversa terá mediação do jornalista, crítico e pesquisador de cinema Carlos Alberto Mattos.

Mais sobre a mostra Brasil anos 70

Hercules 56, de Silvio Da-Rin, foi realizado em 2006 e parte do sequestro do embaixador norte-americano para “trazer à tona uma série de episódios relacionados ao enfrentamento desigual entre pequenos grupos de esquerda e as Forças Armadas”. Brasil: um relato de tortura  é composto por entrevistas com Frei Tito (dominicano que se suicidou em 1974), Maria Auxiliadora Barcelos (acadêmica de medicina que também se matou em 1976), Jean Marc Van der Weid (ex-presidente da UNE) e Nancy Mangabeira Unger, entre outros. Hércules 56 vai ao passado recente em busca do espectador brasileiro de hoje: “acima de tudo, sempre tive clareza de que a construção de versões sobre um período histórico é um gesto político. Iluminar o passado contribui para entender o presente e melhor projetar o futuro da sociedade em que vivemos”, explica o diretor. Brasil: um relato de tortura é quase um cine-jornal, feito de acordo com o modelo de cinema militante da década de 1970 e especialmente voltado para o espectador norte-americano. Wexler acabara de receber o Oscar de melhor documentário com Interviews with My Lai Veterans (1970), estava no Chile para realizar An interview with President Allende (1971). Faria sem seguida uma  extensa série de cine-jornais políticos – Introduction to the Enemy, (1974, co-dirigido por Jane Fonda), Paul Jacobs and the Nuclear Gang (1979), e o recente Who Needs Sleep? (2006) são alguns exemplos. Todos eles, filmes especialmente dirigidos a um espectador norte-americano. “Nós sabemos que essa entrevista vai para o povo americano”, comenta um entrevistado no início de Brasil: um relatório de tortura, para sublinhar “a responsabilidade do povo americano frente ao povo brasileiro”. Os letreiros que encerram o filme. Na primeira, lê-se: “as this film is released, Brazil’s military government continues to torture prisoners and to deny basic human rights”. Na segunda: “The United States government supplies more policy and military aid to Brazil than to any other Latin American country”.

TERÇA | 20 DE NOVEMBRO

14h00: Hercules 56, de Silvio Da-Rin (Brasil, 2006. 93’)
“Na época do lançamento do filme”, comenta o realizador, “havia uma pergunta recorrente: o que motivou a realização do documentário? Eu costumava responder que no filme há fortes ressonâncias das experiências da minha juventude. Mais do que isso, é um projeto que concerne à memória de uma geração. Tomei o sequestro do embaixador norte-americano Charles Elbrick como o fio de uma meada que traz à tona uma série de episódios relacionados ao enfrentamento desigual entre pequenos grupos de esquerda e as Forças Armadas. Não buscava respostas acabadas, muito menos respostas consensuais. Tampouco tinha qualquer ilusão a respeito da objetividade dos relatos. Tenho plena convicção de que o passado histórico não é um objeto disponível para análise laboratorial, objetiva e isenta. O discurso histórico é construído a partir de fabulações, produzidas por seres humanos e necessariamente impregnadas de emoção”.
Classificação indicativa: livre

15h45: Brasil: um relato de tortura (Brazil: A Report on Torture), de Haskell Wexler e Saul Landau (EUA, 1971. 60’)
Brasil: um relato de tortura  é composto por entrevistas com Frei Tito (dominicano que se suicidou em 1974), Maria Auxiliadora Barcelos (acadêmica de medicina que também se matou em 1976), Jean Marc Van der Weid (ex-presidente da UNE) e Nancy Mangabeira Unger, entre outros. Hércules 56 vai ao passado recente em busca do espectador brasileiro de hoje: “acima de tudo, sempre tive clareza de que a construção de versões sobre um período histórico é um gesto político. Iluminar o passado contribui para entender o presente e melhor projetar o futuro da sociedade em que vivemos”, explica o diretor. Brasil: um relato de tortura é quase um cine-jornal, feito de acordo com o modelo de cinema militante da década de 1970 e especialmente voltado para o espectador norte-americano.
Classificação indicativa: 14 anos

17h00: Hércules 56, de Silvio da-Rin (Brasil, 2006. 93’)
Classificação indicativa: livre

19h00: Brasil: um relato de tortura (Brazil: A Report on Torture), de Haskell Wexler e Saul Landau (EUA, 1971. 60’)
Classificação indicativa: 14 anos

20h00: Brasil: um relato de tortura (Brazil: A Report on Torture), de Haskell Wexler e Saul Landau (euA, 1971. 60’)
Classificação indicativa: 14 anos

QUARTA | 21 DE NOVEMBRO

14h00: Hércules 56, de Silvio da-Rin (Brasil, 2006. 93’)
Classificação indicativa: livre

15h45: Brasil: um relato de tortura (Brazil: A Report on Torture), de Haskell Wexler e Saul Landau (EUA, 1971. 60’)
Classificação indicativa: 14 anos

17h00: Hercules 56, de Silvio da-Rin (Brasil, 2006. 93’)
Classificação indicativa: livre

19h00: Brasil: um relato de tortura (Brazil: A Report on Torture), de Haskell Wexler e Saul Landau (EUA, 1971. 60’)
Sessão seguida de debate com: Plínio Fraga, Elinor Brito (ex-presidente da FUEC: Frente Unida dos Estudantes do Calabouço), Jean-Marc Van der Weid (ex-presidente da UNE, exilado no Chile e um dos entrevistados em Brasil: um relato de tortura), Jom Tob Azulay (cineasta e diplomata que ajudou a difundir Brasil: um relato de tortura nos Estados Unidos e no Brasil). A conversa terá mediação do jornalista, crítico e pesquisador de cinema Carlos Alberto Mattos.
Classificação indicativa: 14 anos

QUINTA | 22 DE NOVEMBRO

14h00: Hércules 56, de Silvio da-Rin (Brasil, 2006. 93’)
Classificação indicativa: livre

15h45: Brasil: um relato de tortura (Brazil: A Report on Torture), de Haskell Wexler e Saul Landau (EUA, 1971. 60’)
Classificação indicativa: 14 anos

17h00: Hércules 56, de Silvio da-Rin (Brasil, 2006. 93’)
Classificação indicativa: livre

19h00: Brasil: um relato de tortura (Brazil: A Report on Torture), de Haskell Wexler e Saul Landau (EUA, 1971. 60’)
Classificação indicativa: 14 anos

20h00: Brasil: um relato de tortura (Brazil: A Report on Torture), de Haskell Wexler e Saul Landau (EUA, 1971. 60’)
Classificação indicativa: 14 anos

SERVIÇO
Mostra Brasil anos 70
Local: Instituto Moreira Salles
Endereço: Rua Marquês de São Vicente, 476, Gávea – Rio de Janeiro – RJ
Tel.: (21) 3284-7400; Fax: (21) 2239-5559
De terça a domingo e feriados, das 11h às 20h.
www.ims.com.br
Acesso a portadores de necessidades especiais
Estacionamento gratuito no local
Capacidade da sala: 113 lugares
Ingressos e senhas sujeitos à lotação da sala
O cinema do IMS funciona de terça a domingo.

Preço: Terça a domingo e feriados: R$12,00 (inteira) / R$6,00 (meia).
Passaporte | Para o mês de novembro – no valor de R$ 30,00 –, é válido para 10 sessões das mostras organizadas pelo IMS.

*As informações são de responsabilidade de seus organizadores e estão sujeitas a alterações sem aviso prévio.

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