Estreia em agosto da peça As Polacas – Flores do Lodo

De 11 de agosto a 9 de setembro, São Paulo poderá conferir, no SESC Ipiranga, a estreia de As Polacas – Flores do Lodo, com direção de João das Neves. Quase esquecida nos porões da memória, a vida das jovens judias prostitutas do Leste Europeu, que imigraram no século XIX para as Américas, boa parte aliciada pela rede Zwi Migdal, de tráfico de mulheres, entra em primeiro plano no espetáculo As Polacas – Flores do Lodo. Em cena tem samba e tem polca, dor e humor e uma narrativa original que alinha as prostitutas judias e negras como protagonistas de uma surpreendente narrativa tendo como elo a História real regada a doses de ficção. Formado por 13 atores, o elenco une gerações do teatro brasileiro, nomes como Beth Zalcman, Iléa Ferraz, Wilson Rabelo, Lígia Tourinho, Eduardo Osorio, Alexandre Akerman, Carla Soares, Marina Elias, Erico Damineli, Rodrigo Cohen, e Luciana Mitkiewicz, também idealizadora do projeto.

Berço do samba

O cenário em que se passa a trama é a Praça Onze, berço do samba e da boemia carioca. A história vai e vem no tempo, sem obedecer a uma cronologia precisa. Fato é que as polacas desembarcaram no Brasil fugindo da fome e da perseguição religiosa. Pobres, longe da família, semi-analfabetas e sem saber falar o idioma, foram discriminadas pela própria comunidade judaica e, de início, também pelas prostitutas negras que temiam a nova concorrência. Da rotina amarga sobrou coragem para mudar o rumo da realidade: elas criam uma associação de apoio mútuo e erguem o próprio cemitério, ajudando a promover a cultura e religião judaica entre os brasileiros.

João das Neves conta essa história por um novo viés, misturando samba e polca, negros e brancos. “Não é um musical, a palavra é o ponto alto do espetáculo. Mas tirei partido sim do contexto, afinal a peça se situa entre duas culturas muito musicais”, conta o diretor. Assim, surge no palco primeiro a rivalidade entre as prostitutas estrangeiras e brasileiras (a maioria ex-escravas). Em seguida, a transformação do estranhamento em amizade e laços de solidariedade.

Mais sobre o episódio histórico

As Polacas – Flores do Lodo retrata a saga das polacas na capital da República no período entre-guerras. A peça acompanha os passos de Esther e Celina da juventude à idade madura. A árdua convivência nos prostíbulos cariocas, a violência da polícia e dos cafetões, a aspereza das cafetinas, o preconceito social, a rejeição dos filhos, tudo ganha um enquadramento especial no palco. Algumas destas mulheres já eram prostitutas em sua terra natal, mas a maioria chegou aqui em busca de uma vida melhor, enganadas por traficantes de mulheres – muitos, inclusive, judeus. “Chegando aqui elas eram levadas para as casas de tolerância e passavam a viver como párias sociais. As famílias judias também recém-chegadas ao Rio não queriam ver seus nomes ligados ao destas jovens e as tratavam muito mal”, conta João.

A atriz carioca Luciana Mitkiewicz começou a pesquisar a história das polacas em 2007. Assunto sobre o qual pesquisou durante os últimos três anos, entre outros, em farta bibliografia, músicas e cinema. “Me dediquei a levantar esta pesquisa em 2008 quando convidei o João, com quem trabalhei, a criar esta dramaturgia original mostrando como a Pequena África se aproximou dos primeiros momentos da cultura judaica no Rio”, conta Luciana.

A Praça Onze e seus arredores, onde as polacas se estabeleceram, têm papel importante na encenação. Ali conviviam ricos e pobres, ex-escravos e imigrantes europeus, famílias de “bem” e prostitutas, boêmios, artistas, jornalistas e sambistas. Considerada no início do século passado um dos locais mais cosmopolitas da cidade, a área era um verdadeiro caldeirão onde se misturavam diferentes culturas, crenças e etnias. A região chegou a abrigar a maior concentração de judeus da história do Rio de Janeiro. Eles elegeram o local principalmente porque ali existiam casas perfeitas para o comércio, com espaço para lojas no térreo e residências nos andares superiores. No final da década de 1930, a maioria dos prédios, casas comerciais, prostíbulos e bares desta área foram demolidos para dar lugar a Avenida Presidente Vargas.

Sobre João das Neves

Um dos nomes mais importantes do Teatro Brasileiro, dramaturgo, diretor, ator e escritor, tem um currículo eclético que inclui diversos prêmios. Dirigiu o teatro de Rua do CPC da UNE e foi um dos fundadores do Grupo Opinião. Dirigiu também shows de MPB: Chico Buarque, Milton Nascimento, Baden Powell e MPB4, entre inúmeros outros. Radicado em Belo Horizonte a partir de 1992, adaptou e dirigiu o projeto Primeiras Estórias, repetindo o feito como diretor convidado pela Unicamp para a montagem de formatura de 1995. Atualmente, circulam pelo país seus espetáculos “Besouro Cordão de Ouro”, “A Santinha” e “Os Congadeiros”, “Titane e o Campo das Vertentes” e “A Farsa da Boa Preguiça”. É premiado com o Molière de melhor direção e Prêmio Brasília de melhor autor, ambos em 1976, e com o Prêmio Mambembe de melhor diretor, em 1977. Nos últimos anos, foi indicado ao prêmio Shell pela direção de “Besouro, Cordão de Ouro” (2007) e de “Farsa da Boa Preguiça” (2009), no Rio de Janeiro.

SERVIÇO
AS POLACAS- FLORES DO LODO
Data:
De 11/08 a 09/09 de 2012
Endereço: Sábados às 21h, domingos e feriado às 18h.
SESC Ipiranga
Endereço:
Rua Bom Pastor, 822
Local: Teatro
Capacidade: 200 lugares
Duração: 90 minutos
Classificação etária: 16 anos
Informações ao Público: Tel: 3340-2000, de terça a sexta, das 8h às 21h; sábados, domingos e feriados, das 10h às 17h, no site www.sescsp.org.br ou pelo 0800 118220.

Ingressos à venda na Redesesc
R$ 4,00 (trabalhador no comércio e serviços matriculado no SESC e dependentes), R$ 8,00 (usuário matriculado no SESC e dependentes, +60 anos, estudantes e professores da rede pública de ensino) e R$ 16,00(inteira).

*As informações são de responsabilidade de seus organizadores e estão sujeitas a alterações sem aviso prévio.

Fonte: Assessoria de Imprensa/SESC

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